Chorando se foi.

Eu tenho o dom de fazer quem eu amo chorar. Seja de alegria, de emoção ou de desgosto profundo. E assim, parei de chorar tanto e passei a me dedicar ao choro alheio. Seja de cebola, seja de felicidade. Todo choro é bem vindo, porque só assim eu continuo acreditando que as pessoas vivem e que talvez, haja a possibilidade, dos sorrisos não serem falsos e das juras serem sinceras.

E o que importa?

Entre flores e sorrisos e músicas de amor,
te encontrei habitando meus pensamentos
e eu já não podia te amar, mais.

Mas isso não é uma questão de opinião.

Pensamos, costuramos e bordamos fantasias e máscaras para as pessoas. Passamos muito tempo (talvez a vida toda) iludidos que são elas mesmas que se fantasiam, porém somos nós que permitimos e oferecemos tais disfarces a elas. E como em uma novela, julgamos e culpamos os demais por terem sido falsos, mascarados ou algo que não são de verdade. E esquecemos que fomos nós mesmos, que criamos até o cenário. E esquecemos que fomos nós mesmos que nos enganamos ao acreditar naquilo que víamos. Ao acreditar nas nossas próprias ilusões, ao sonhar.
E as máscaras desbotam. E nós pintamos. E as máscaras caem. Chocados, nos sentimos traídos. Quando traímos a nós mesmos ao esquecer da realidade e dos avisos, ao acreditar nas possibilidades e ter esperança. Pecamos ao ir ao baile sem se olhar no espelho e ver que vestimos a fantasia que escolheram para nós. E é só esperar, até que a próxima roupa rasgue e as máscaras caiam. É só aguardar o momento em que qualquer um de nós decepcionará um alguém, mascarado ou não.