O brinquedo que você não quis e eu transformei em obra de arte!


Andam dizendo por aí que eu sou feia.

Tenha dó! Feio é pesar as pálpebras com tamanha inveja e desespero e não conseguir enxergar. É visto que minha felicidade é feita daqueles que me rodeiam, dos dias que me passam e dos sorrisos e abraços que me apertam. Pois bem, essa tal felicidade transcende o meu egoísmo e brilha aos que me veem. Dizer que alguém é feio, por sentir inveja dessa pessoa, é como dizer que o sol é feio, por causa do seu brilho enérgico e destemido. Não sejamos tolos ao confundir falta de amor e inveja com superioridade. Se ser assim, tão amada, é ser feia, então meus caros, sou a própria aberração e ainda assim não me dou conta. O amor que sinto por mim não chega a ser maior que meu amor pelo próximo, mas está longe de permitir que eu diminua meu sorriso, ou feche os olhos para as imprudências alheias. Quero que entendam que não se trata das minhas formas ou dos meus traços, ou ainda do meu cabelo ou das minhas roupas, isso nem foi levado em consideração. Trata-se apenas das voltas que o mundo dá, mudando tudo de lugar e fazendo com que quem esteja no chão não me veja do meu melhor ângulo. Acho que é por isso que meus amigos me acham tão linda, porque me enxergam de frente ou de lado, mas nunca de baixo. Acabo de me entristecer um pouco, por pensar que tenho tanta beleza, tanta vida e amor próprio, que talvez seja minha culpa ser tão... odiada. Embora o ódio seja claramente algo bom que foi distorcido, talvez também, eu não tenha culpa de ser feliz, não é meu bem? Amor a gente dá, recebe, distribui, esbanja, se esbalda, despeja. Amor aqui não sobra. Tenho o amor inesgotável de quem ama a vida. E é, realmente, uma pena, que não seja possível ensinar a amar, quando o aluno não encontra mais em si mesmo o foco de luz que o guiará para o brilho da vida. Tenho esperança de que isso mude, de que eu veja essas pessoas felizes por elas mesmas, sem precisar inventar do que rir, sem precisar cavar buracos pra que os outros caiam e, assim, não sentirem-se sozinhas. Eis a compaixão, que como todos os outros sentimentos, deriva do amor. Ainda bem que o amor da paz não se corrompe, pois assim, enquanto eu tiver essa paz de espírito, serei assim, amor. E se o amor fosse feio, não estariam tão desesperados para encontrá-lo por aí. Acho que é isso, ou não, nem sei. Há vida lá fora, o mundo não para e eu aqui, indignada com a estupidez humana. É isso aí, agora sim.