Mais (um) do mesmo.


Mesmo a vida não sendo justa. Mesmo o mundo não sendo acolhedor. Mesmo as noites sendo frias, por dentro. Mesmo as horas passando devagar e os dias rápido demais. Nada mudou. Eu achei que seria tudo alucinantemente novo. Mas a mudança deve ser permanente, ou num descuido, as paredes novas descascam e a gente vê as manchetes de jornal penduradas, gritando notícias que se repetem. E os pulsos começam a sangrar novamente. A janela não abre. O teto gira e desaba. E a cama parece um mar sem fim. Agarro o travesseiro, que absorve cada gota desse mar, que engoli e agora choro. Alguém bate à porta, ou o telefone toca. A criança acorda. Tiro a corda do pescoço. Um sorriso molhado ilumina. As cores mudam de tom. E nisso a mudança recomeça. E mesmo a vida não sendo justa, eu não deixo de ser honesta. E mesmo o mundo não sendo acolhedor, eu suporto a minha dor. E mesmo as noites sendo frias, por dentro, aqueço meu coração com um abraço. E mesmo as horas passando devagar e os dias rápidos demais, eu esqueço o relógio, mas ajusto os ponteiros... sempre em frente!

Não 'é só o amor'.

Aprendi (nem acredito) que só o amor não é suficiente. 
Eu tinha convicção de que o amor e, puramente o amor, não deixaria faltar comida na mesa, nem calçados nos pés. E, é claro, se o amor estivesse presente em todos corações, talvez isso fosse verdade. Mas não posso mais viver num mundo baseado apenas nas coisas que vivem dentro de mim. Enquanto era só eu, até que dava. Mas depois que vieram as crianças, me senti semi-impotente. Por vezes eu sinto que não importa o quanto eu ame, o quanto eu me esforce ou deseje fortemente, não acontecem milagres. Por outro lado, tem a parte 'up', que me faz virar e revirar o mundo se for preciso, que me faz perdoar, me humilhar, mudar a mim e mais quantos, pra que as coisas deem certo pra nós. Acho, bem de leve, que a minha parte boa é a que entristece, que chora, que surta, que sente o coração saltar pela boca de angústia. Porque as coisas não são lindas como eu achava, que as coisas não são tão possíveis como antes e, quando possíveis, trazem consigo um preço muuuuito alto. E a parte ruim é essa arrogante, independente, forte a qualquer custo. Essa parte não se importa com o abstrato, com o 'invisível'. Essa parte eu acho ruim. Mas, no final das contas é a que me faz viver e seguir e continuar. No final dos versos, a parte triste, que acredita no amor, é a que vai me fazer sorrir pela eternidade, se pra lá, eu puder levar meu amor.

Sobre o que levar consigo.

Primeiro, tenha bolsos (dois tá bom)!

Deixe o que não cabe, deixe o que não vai, necessariamente, ser útil. Bolsas e mochilas atrapalham, atrasam e causam dor nas costas. Pegue e guarde, como faria com poucas moedas, aquilo que é essencial, que te faz bem, que você precisa. E, se precisar, peça ajuda. Sempre há conselhos inúteis, mas "aquela" pessoa que a gente acredita, confia e segue (pode até ser você mesmo, tomara!) vai poder te ajudar. Não leve vínculos, nem pessoas (elas devem ser livres, oras).

Leve o que for leve. Leve nos bolsos as pequeninas coisas que vão te fazer seguir, te fazer lembrar (daquilo que você quiser lembrar - alguns querem lembrar de quem eram, outros dos porquês, outros dos sonhos).

Leve com você tudo que quiser, tudo que precisar, você escolhe. Mas escolha! Deixe tudo que não for levar. Mas deixe! Não fique atrasando a ida por causa do apego. E, atente-se ao fato de que, dinheiro seria a última coisa que eu estaria falando em levar.

Arco-íris.

A gente espera tanto a chuva.
Ele chove.
A gente reclama.
A gente espera tanto a felicidade.
Ela chega.
A gente estranha.
A gente espera tanto a vida.
Eu vivo
a gente.

Desperseverança.

Muitas pessoas não entendem o porquê da minha desistência de esforço pra agradá-las. É bem simples e sempre cogito a possibilidade de não ter razão. Eu tento, Deus sabe o quanto. E nada muda. A pessoa não muda, permanece com o mesmo ar de indiferença sobre mim. Então, eu que já não fazia por mim, fazia por ela, desisto. E aí a pessoa reclama de como eu sou, que eu deveria fazer as coisas por mim. Oras, não sou como querem, mas tento. E não tenho essa perseverança inabalável que vejo ensinarem e até praticarem por aí. Tentar agradar cansa. Tentar ser agradável cansa. Mas é aquela história... em alguns lugares eu sou naturalmente aceita e querida. E por que não estou lá? Pois é, a vida há de me convencer sobre essa coisa de escolhas, consequências e destino. No final das contas, toda essa ideia só reforça aquele ensinamento milenar de que, mudar pelos outros nunca vale a pena. Acho, bem achado, que é porque quando é assim, a gente nem consegue mesmo.

"Faz parte do meu show, meu amor".

Minha vida é como um parque de diversões, tem alegria, fome, sustos e até aquele drama parecido com a criança que se perde dos pais.
Eu convido quem eu gosto ou acho que vai gostar, pra que participem dela. Não obrigo ninguém a vir, muito menos a permanecer. Agora, se ficam, me estranharia muito se fosse de má vontade.
Aproveitem minhas pequeninas loucuras, deixem um pouco das suas pra que eu evolua. Mas por favor, não queiram que eu mude minha vida. Há tantas outras que devem lhes agradar por aí, bem como outros espetáculos. Sua cadeira é sempre um lugar de honra, mas gosto mesmo é de dividir o palco. E reforço, minha vida é meu show e não é pra qualquer um. É pra qualquer um que queira, porque quando a gente quer, a gente fica (ou sai) - ou, pelo menos, gosto muito de pensar que a vida, em si, é assim.

Sobre quem é de verdade.



Antes eu tinha muitos amigos.

Muitos deles não eram de verdade.

Mas ao invés de quebrar-se,

como material barato que eram,

quebravam meu coração frágil.




Agora eu tenho bem menos amigos.

E como flores artificiais,

alguns ficam ali, tentando se camuflar.

Flores de verdade se despedaçam.

Flores de verdade se revigoram.

E as flores de plástico continuam iguais

(algumas com poeira, outras disfarçam bem).




Num dia a gente pensa

"tadinha, deixa ela ali".

Noutro a gente decide "jogar fora",

mas aí elas enganam,

com aquele brilho falso, ao sol.




E de repente a chuva lava

(e leva)

quem é tão tão leve,

simplesmente, por não ter raiz.

Aquecimento de pés e coração.

É pela manhã, quando antes de sair, você me dá aqueles beijinhos, aqueles que não precisava, que eu sinto-me amada, mais que por toda a noite.
É quando você deita, com sono, ao meu lado, e me abraça sutilmente, que eu sinto-me amada, mais que sinto merecer.
É quando você me olha, ou me espera, até quando você nem vê, que eu fico te amando, de um jeito estranho e duvidoso, mas que só poderia ser com você.
E mesmo sabendo que não sou a única a ser amada, mesmo sabendo que é o frio que fala pelo calor das suas mãos, eu ainda prefiro acreditar que vai dar certo, mesmo meio sem querer.

Sangricidade.

Eu tento, bem que tento, fazer com que o amor e apenas o amor me mova. Mas tem uma raiva, uma amarga raiva, que me faz querer rasgar as carnes de outras pessoas, de dilacerar corações, literalmente. Essa raiva vermelha e sangrenta me faz querer ver dor, onde já existe dor. Porque, racionalmente, sei que não sinto apenas raiva, mas pena, de gente pequena, que faz mal por não saber amar. E devagarinho, essa raiva passa, vem a tranquilidade, que me faz largar as facas, esquecer o mal que me fizeram, tentar viver sorrindo, até que eu consiga viver de amor, apenas de amor. E mesmo sangrando, de tantas feridas, vou seguindo, amando a dor. 

Balões.

Devagarinho, vou acreditando tanto no mundo que eu invento pra mim, que mesmo quando as pessoas me puxam os cadarços pra realidade, eles esticam e eu continuo flutuando na minha insensata felicidade imaginária. E se eu a sinto, se eu até consigo tocá-la, quem vai dizer que não é real?

Há 15 anos atrás.

As coisas mudam muito em 15 anos?

Depois da aula, ela assistia desenho comigo, cochilávamos depois do almoço e enrolávamos pra lavar louça. Sonhávamos e ríamos do mesmo garoto (idiota). Ele roubou nossos beijos (e manteve meu coração preso por um tempo), mas hoje ele continua quase o mesmo, aparentemente. Então eu lembro de outro garoto. Aquele que gostava de mim. Apesar de me provocar e incomodar muito, com minha mínima experiência de vida de hoje, afirmo que ele gostava de mim, de verdade. Ele era inteligente, divertido, a família dele me adorava (e era recíproco). Nos beijamos escondido, porque eu não queria que ninguém soubesse. A vida mostrou como eu fui cruel e como o mundo rodopia. Hoje ele continua inteligente, divertido, a família dele continua maravilhosa e ele ficou mais bonito do que já era. Dói um pouquinho, saber que, mesmo sem saber, sempre fiz escolhas erradas. Eu gostava dele, confesso. Mas minha obsessão pelo primeiro garoto, talvez por aceitação, ou por ele ser diferente, me fez cegar diante de alguém que poderia ter vivido comigo muitos bons momentos. Tinha também outro menino, que desenhava tudo que eu pedia. Nós não éramos muito confidentes, porque minha visão de mundo era bem comum. Mas nos divertíamos muito e ele sempre estava por perto. Outra garota, dividiu comigo muitos momentos, mas depois, naturalmente precisou escolher um lado, escolheu o lado de lá, por pura competição. Ah, dois garotos que hoje caminham juntos, antes eram opostos, um era tímido, gostava de lanchar comigo. E tínhamos bons momentos. Mas com mais gente por perto, eu o abandonava. E, como o kharma é forte, hoje ele está bem melhor que eu também. O outro, me via como um ícone, talvez de quem ele queria ser. Eu gostava da espontaneidade dele. Hoje ele não me parece tão diferente, mas parece feliz. Aqueles foram tempos difíceis pra ele pra todos nós). Eu mudei de galera algumas vezes, sempre meio perdida (hoje, as coisas não mudaram muito). Perdi um pouco da meiguice, e fiquei mais, aparentemente, segura. Às vezes, me imagino voltando no tempo, dando aquele beijo escondido, inexperiente, mas dessa vez, com carinho. Segurando a mão daquele menino cabeludo que, do jeito meio atrapalhado dele, sempre esteve ao meu lado. Ah, perdi tanto tempo olhando pro cara errado, que hoje, ao menos compreendo, que sempre sofri de amor, porque nunca consegui enxergar o amor onde ele realmente estava. E sobre as amizades, ainda é assim. Bons momentos, separações... acho que não consigo manter ninguém ao meu lado, sendo fiel e companheiro, na intensidade que exijo, discretamente. Parece frustração. Talvez seja só reconhecimento e compreensão de uma fase, de forma tardia, porém relevante.

Tarotizando.

Nem sempre o apoio vem de onde a gente quer. Nem sempre o amparo vem de onde a gente espera. Mas ele vem. E não devemos ser injustos a ponto de rejeitá-lo, porque nossos moldes precipitados não o comportam.

O universo age de maneira estranha aos nossos olhos. E é preciso encarar seu fluxo com amor e gratidão. Assim, poderemos desfrutar das incontáveis dádivas cotidianas, que, longe de serem banais, estão em cada piscar de olhos. É Deus agindo, o universo fluindo, a vida, enfim, acontecendo.

O pedaço de carne estragada, as hienas e os vegetais.

Eu sinto como se tivesse guardando um pedaço de carne comigo. E mesmo sentindo fome, eu o guardava. Não o deixava de lado, sentia até orgulho de tê-lo sob meus cuidados. Era bastante osso, ninguém nem sentia vontade daquele pedaço de carne, a não ser o próprio boi de onde ele foi tirado. Mas um dia qualquer, a carne começou a feder. Percebi que todo aquele tempo, desde que eu havia a encontrado, ela já não era própria para o consumo, já havia estragado. E não adiantou eu gelar, maquiar, bater, cozinhar, fritar ou salgar. A carne não estava estragada, ela era estragada. Apesar da imensa dificuldade do ato, joguei a carne fora. E antes mesmo que eu pudesse levar o lixo pra fora, hienas carniceiras atacaram aquele pobre pedaço de carne velha e estragada. E então eu percebi, que por tanto tempo andei presa a algo podre, por puro medo de não ter algo melhor pra comer. Ainda não tenho fome, mas já aprendi que é bem melhor cultivar vegetais. São vivos, saudáveis e por vezes dão frutos. E, aprendi também, que sempre há um destino apropriado, pra o que quer que seja. No caso do pedaço de carne velha, as hienas carniceiras, que o consomem em breves instantes de intenso prazer. A carne por ser, finalmente, consumida. E as hienas... bom, as hienas, menos que o pedaço de carne, tem consciência de algo, além de satisfazer suas próprias necessidades instintivas e vorazes. Pensei que pudesse ter me parecido com as hienas, mas nenhuma hiena teria carregado esse pedaço de carne velha por tanto tempo. Estou bem agora, acompanhando coisas vivas, sem prendê-las, sem precisá-las, sem mesmo querê-las. Estou bem agora.

O tal do amor.

Lutamos por amor
Era desespero.
Plantamos nossas raízes
A terra virou cimento.
Afogamos as mágoas
E elas nos sufocaram de medo.
Nos agarramos no escuro
Não dava mais tempo.
Nosso filme foi revelado
E em todas as poses 
Quem estava ao meu lado
Era o grito, que eu havia calado.
Era mais um sonho
Que o vento levou.

Que agora a gente possa
Ser bem mais a gente
Que livres ou presos
Sejamos conscientes
E saibamos que na vida
O amor vem de repente
Mas só transforma,
Não tortura, nem mente.
E mesmo que mude,
E leve a bagagem
Ainda assim nos visita
Entre uma viagem
E outra
Bobagem (qualquer).



De repente, mesmo sem dente, eu sei rimar.

Me falta um dente
Me falta um dente da frente
Mas sobram dois dentes de trás
O dente da frente falta
Não está estragado
Pois não está.

Os dentes de trás sobram,
mas estão lá,
incomodantes e quebrados.

Seria bom se a boca
fosse como a vida.
E eu ia preferir ficar
com os dois dentes de trás
chatos, mas persistentes.
Defeituosos, mas presentes
do que choramingar
o dente da frente.
Que só faz falta
porque é ausente,
se estivesse aqui,
sem ser perfeito,
seria do mesmo tipo
que os de defeito
daqueles que eu quero me livrar.

A moral é sempre a mesma
a gente nunca valoriza
quem aqui está.

E sempre falta um pedaço
um sorriso ou um dente
na vida e na boca da gente,
que só sabe reclamar.

A vida vem em ondas.

Já fui tempestade
agora quero ser ondinha mansa
que faz as crianças darem risada
que molha os pés da senhora
de maré baixa
de castelos tortos e derretidos.
Prefiro ser ondinha mansa
do que ser rocha de beira de estrada
e ver todos indo e vindo do litoral
e só sentir o gosto do mar
quando ao invés de rocha
vira temporal
tempestade...
Prefiro ser ondinha mansa
ser leve
levar o barco e trazer esperança.
Prefiro ser ondinha mansa...
já fui tempestade
já fui criança
agora prefiro ser ondinha mansa.

Não adianta.

Não adianta chorar.
Chorar não inunda os problemas e os leva pra longe.
Não adianta gritar.
Gritar não assusta os corações sombrios e os fazem mudar.
Não adianta mentir.
Mentir não ameniza a verdade, mas piora qualquer situação.
Não adianta brigar.
Brigar não vai transformar o ódio em sossêgo.
Não adianta fugir.
Fugir não vai distanciar os problemas, mas aproximar outros que estavam longe.
Não adianta xingar.
Xingar não vai mudar qualquer defeito.
Não adianta reclamar.
Reclamar não vai melhorar o que está ruim.
Não adianta sofrer.
Sofrer não vai te tirar da inércia da amargura.
Não adianta morrer.
Morrer não vai parar as consequências da vida que continua.
Nada disso adianta... Só atrasa a vida.

O difícil é só ter paciência.



O difícil é só ter paciência.
Amor eu tenho, amor eu dou.
Fé eu tenho, com fé eu vou.
Dinheiro é que eu não tenho (muito),
mas o pouco que consigo,
esse eu divido,
é fralda, é comida,
é água, é muito filho duma égua,
mas eu divido e não duvido,
que por mais que não sobre,
nunca há de faltar.
E, retomando (naquele lugar),
a esperança, às vezes acaba,
mas tem a lembrança, as crianças,
e eu subo mais um degrau da escada.
Saúde e força, alguns dias de vigor...
Eu tenho tudo isso, desde que
não falte o tal do amor.
Como eu disse, o difícil, é só ter paciência,
pra que Deus mova as montanhas,
ou, se Ele quiser, me permita as derrubar.

Castração econômica.

Sobrou mês no fim do salário.
E a gente continua sendo feito de otário.
Papai noel não paga pensão,
os brinquedos são de papelão.
Acenda as velas, cortaram a luz...
Quem nos salvará, senão Jesus?

Uma salva de palmas pra decoração de natal,
Mas já passou o feriado, voltei a passar mal.

"Disciplina é liberdade".

Hoje eu sei a diferença de uma mente à toa e uma mente criativa. Não que a minha não fique à toa, mas é bom colher os frutos da oração, da energia concentrada através do pensamento. As "vibrações positivas" não são apenas uma expressão, elas podem ser reais.
Comece entendendo que não temos controle de tudo. Então, admite-se a falha, que acaba não trazendo culpa, mas compreensão. Não devemos nos apegar aos "descuidos" e fazer disso a regra, mas sim, fazer as coisas da melhor maneira, aceitando que não existe "dar errado". Qualquer resultado é o certo, a diferença, é se era o resultado esperado ou não.

O mundo é feito de infinitas "coincidências", que nada mais são que os pontos que o universo dá, para costurar nosso destino (o tecido é o tempo). É preciso aborrecer-se, extravasar o que não é bom, o que sobra. Mas pratique o otimismo, a paciência, o olhar de fé sobre a vida e seus acontecimentos.

E só assim sera possível perceber que dias ruins são poucos. É dentro da gente que moram as tempestades e os raios de sol.

Pequenos contos do pôr-do-sol.

"Não viva para que sua presença seja notada, mas para que sua falta seja sentida". E quando sua falta é um alívio, você viveu em vão. Mas, vejam só, tudo tem um lado positivo... você não partiu em vão, partiu para dar alívio.

Sara'ndo.

A gente fica aqui, achando que a vida é difícil.
A vida, é cheia de obrigações, de responsabilidades, de tristezas, perdas e decepções. Mas é a oportunidade mais clara de que podemos fazer o que quisermos. Nascemos pra ser livres, nascemos pra ser felizes.

E, mesmo quando algumas coisas arrancam nosso coração pela boca, nos derrubam no chão e pisam em cima, mesmo assim, é possível levantar, mesmo sem coração, mesmo sem a cabeça no lugar, mesmo sem perspectiva de futuro... se tivermos fé, se acreditarmos em algo, é possível seguir, é possível até voar. Eu chamo a vida de milagre, porque parece inconcebível a ideia de que com tantas formas de isso não acontecer, acordamos todos os dias e nosso coração está batendo. Mesmo com a maior dor do mundo, é possível ter paz. Dinheiro, preocupações, roupas, convenções... nada disso alimenta a alma. Descubra o que te faz estar em paz, o que te faz irradiar luz e bem. E que, antes do fim, você descubra que nada é por acaso... que nada é em vão.

Short Skirt, Long Jacket.

Sou uma longa viagem de ida, com uma mala vintage, cheia das minhas coisas e penduricalhos.

Sou uma mala vintage, numa longa viagem de ida, cheia das minhas coisas e penduricalhos.

Sou uma mala de ida, cheia de longas viagens, numas coisas e penduricalhos vintages.

O universo e suas artimanhas pra reconectar elos perdidos. Um piscar de olhos e estou de volta ao passado. Não precisa ser bom ou ruim, só fico lá por uns instantes, suspiro rapidamente e saio do coma emocional. Simplesmente não dá pra apagar uma história, muito menos querer que os outros façam isso. Sou uma longa viagem...

A vida é tão rara, tão rara!

Não importa a sua dor, nem o quanto é justo o seu luto. Por mais que as pessoas se importem, independente da intensidade, o mundo não para. A morte é (não desmerecidamente) apenas uma etapa da vida. Afinal, quem nunca perdeu alguém? A morte, assim como a vida, é parte dos ensinamentos ao qual estamos vulneráveis, conscientemente ou não. Perdemos alguém, talvez a pessoa que mais amávamos e, cada um para um instante, deixa uma mensagem, um abraço, flores... mas a vida de cada uma delas continua, de algum jeito. E a vida de quem sofre com a perda? Também continua. A vida é contínua, a morte é passagem. Aprendemos lições amargas, às vezes, mas é preciso continuar, cada um a seu tempo. Não adianta vir por quem se foi, não adianta viajar para o enterro. As pessoas que se foram estão em outro processo (dependendo da crença de cada um), mas quem fica, ainda não terminou a vida, e é quem precisa de atenção, carinho, paciência e, principalmente, incentivo. Se bem que incentivo é relativo, afinal, muita gente só precisa mesmo é de tempo. E é esse mesmo tempo que nos falta, que nos sentimos roubados, quando perdemos alguém. O tempo nunca nos pertencerá, tampouco a vida. Não há posse do presente, nem alcance do futuro, inclusive, precisamos nos desprender de passados. O mundo não para, a vida não para, o tempo não para. Mas se for viajar, que seja pela vida, por aniversários, por férias, ou por motivo algum, senão o presente, que é estar presente. Hoje a filha de uma amiga se foi daqui, então percebi o quanto tudo que pensamos ou sentimos é superficial. Atitudes, sempre atitudes... o mundo, a vida e as pessoas precisam de atitudes (do bem).

Pode parecer rap, mas dá pra fazer uma versão "teatro mágico".

Eu falava e você ria. A gente chorava decepção, desespero, mas quando eu chorava primeiro, podia sentir sua mão no meu cabelo. E quando não tinha pão, nem macarrão, tinha brigadeiro, até tererê sem gelo, ou algum filme de ação. São músicas, memórias, segredos e histórias. O espaço colabora, mas é o tempo que demora, pra que eu possa entender, que na amizade vale mais esquecer do que ter. É bom ter com quem contar, pra quem contar, mas o mundo gira rápido e eu ando devagar. A vida me martela, pregando peças feito novela. É inacreditável e inadmissível, fiquei te esperando e te vi partindo. (Re)partiram seu coração, e você vive aos cacos, aos prantos disfarçados de casos, muitos sorrisos e passos falsos, ego e bateria intactos. Se um dia vai passar, se você vai acordar, nada posso dizer. A única coisa que sei, é que "é de ti, que não me esquecerei".