Aquecimento de pés e coração.

É pela manhã, quando antes de sair, você me dá aqueles beijinhos, aqueles que não precisava, que eu sinto-me amada, mais que por toda a noite.
É quando você deita, com sono, ao meu lado, e me abraça sutilmente, que eu sinto-me amada, mais que sinto merecer.
É quando você me olha, ou me espera, até quando você nem vê, que eu fico te amando, de um jeito estranho e duvidoso, mas que só poderia ser com você.
E mesmo sabendo que não sou a única a ser amada, mesmo sabendo que é o frio que fala pelo calor das suas mãos, eu ainda prefiro acreditar que vai dar certo, mesmo meio sem querer.

Sangricidade.

Eu tento, bem que tento, fazer com que o amor e apenas o amor me mova. Mas tem uma raiva, uma amarga raiva, que me faz querer rasgar as carnes de outras pessoas, de dilacerar corações, literalmente. Essa raiva vermelha e sangrenta me faz querer ver dor, onde já existe dor. Porque, racionalmente, sei que não sinto apenas raiva, mas pena, de gente pequena, que faz mal por não saber amar. E devagarinho, essa raiva passa, vem a tranquilidade, que me faz largar as facas, esquecer o mal que me fizeram, tentar viver sorrindo, até que eu consiga viver de amor, apenas de amor. E mesmo sangrando, de tantas feridas, vou seguindo, amando a dor.