Auto-retrato.

Eu sei que exagero, incomodo e aterrorizo. Também sei que implico com tudo, reclamo de tudo e quero saber de tudo. É verdade que eu dramatizo, faço tempestade em copo d'água e quase morro por tudo e por nada. Pressiono, choro e dou gargalhadas que te envergonham. Como demais, durmo demais e, principalmente, falo demais. Só o que faço de menos são minhas obrigações e assistir filmes, isso é o que faço de menos, porque sempre durmo demais. Também falo mal de quase todo mundo e os que não falo mal, falo tão bem que te faz até sentir ciúmes. Tenho muito ciúmes. E tento não demonstrar e acabo demonstrando excessivamente. Como em todo caso, excessivamente. Exceção só quando convém. Sou fiel às regras, desde que sejam minhas. Prezo pela honra e insisto em querer que lute por mim e me defenda de monstros que, talvez, existam apenas na minha cabeça. E por fim, a minha cabeça, que não é uma parte, mas um todo, onde toda viagem é possível e todo sonho é real. A realidade pra mim é questionável e toda fantasia é verdadeira. Acredito piamente em tudo que acredito. Só não acredito muito em mim, às vezes me prego peças, às vezes me engano. Mas se me engano é porque, antes, me deixei enganar. E por mais um fim, porque existem vários finais, eu sou contraditória, me contradigo e contradigo você. Eu misturo tudo, amo as coisas diferentes, mas igualmente amo as iguais. Sou redundante. Sou extremamente criativa e careta. Invento e aumento os pontos, os contos e os laços. Meus laços são eternos. Tudo é intenso e eterno, quando se trata de mim. Me valorizo demais e sou extremamente insegura. E começando de novo e terminando, por fim. Eu amo. Me amo, te amo e amo. Só amo. Só odeio o que eu não gosto. Porque o que eu gosto, eu amo, mato e morro por isso, valorizo acima de tudo, o amor. E eu sei de tudo isso, porque eu acho que sei de tudo e sei que não sei nada, portanto sei. E eu gosto quando você me deixa achar que mando em tudo, quando na verdade é o seu amor que manda em mim. Te amo.