Eu tava pensando sobre a infinidade de traumas que nos consomem diariamente. Então, procurando aconselhar a mim mesma, disse que pelo menos não sou tão velha assim, então, proporcionalmente, há pra mim, menos traumas que uma pessoa mais velha, inclusive, por eu estar numa fase ótima da minha vida. Veio então a racionalidade (baseada nesse conselho) do medo de envelhecer, já que, quanto mais velhos, mais traumas temos pra lembrar todos os dias. O que não faz sentido, afinal, muitas pessoas atingem certa maturidade prática e espiritual, que permite que elas vivam super bem. E as pessoas que tem traumas r e a l m e n t e difíceis, como vítimas da guerra, por exemplo? Ah, mas elas possuem uma história diferente da minha, por isso tenho direito de sofrer tanto quanto alguém que tenha passado por problemas piores que os meus. Nessa teoria, sim. Mas na verdade, esse pensamento disfarçado de "igualdade", nada mais é que uma desculpa egoísta pra não enfrentar as coisas e sair de uma realidade incômoda, mas que acomoda. Por fim, tenho até direito de sofrer com meus traumas, mas se estou viva o suficiente pra que eles me façam tão mal, a alternativa mais viável é usar essa vitalidade/vivacidade/vida pra me fazer bem, porém não "apesar" desses problemas, mas inclusive por eles, porque se não fossem eles também, não se sabe como eu seria e, nessa infinidade de outros possíveis contextos, será que eu poderia ter essa oportunidade de me permitir ser feliz? Não preciso buscar essas respostas, afinal, se eu posso me fazer bem, consigo me fazer bem. E isso basta.