Passamos muito tempo pedindo por mudanças, reclamando aos amigos sobre as insatisfações do cotidiano ou até mesmo as mais íntimas e profundas inquietudes, mas não estamos completamente cientes de que uma hora qualquer, o destino ou o mundo ou a vida ou Deus ou sabe-se lá quem, resolve atender aos nossos pedidos e nos muda. São mudanças sem fim, por mais que não percebamos elas estão acontecendo e ajudando e traindo. Nós estamos totalmente vulneráveis as decisões desses agentes mutantes, sem critério algum, pois nossos critérios são usados de forma aleatóriamente maluca por quem gerencia tanta transformação. E então tudo muda, muda a personalidade, as necessidades, os amigos, a situação em que nos encontramos e, com tudo mudado, tudo já está mudando de novo. Sem parar. Num ciclo? Num vício? Porque ainda que eu peça pra que tudo fique como está, tudo fique no seu lugar atual, as mudanças acontecem, acompanhadas de mágoas, alegrias, ganhos e perdas que nunca satisfarão o vazio que reclama de tudo, aquele vazio chato, intransigente, ranzinza, o vazio da nossa alma que não sabe valorizar a calmaria, mesmo após mil tempestades. Aproveite cada aqui e ali, cada onde e qualquer lugar, aproveite tudo, seja um tremendo de um aproveitador, porque generalizando e bastante: nada é o que era, nem será o que é.