"You're frozen when your heart is not open"

Passei dias e mais dias de um calor insuportável, esperando o frio chegar. Pode-se dizer que hoje é um dia frio, olho pela janela e a neblina toma conta de tudo em volta daqui. É claro, ultimamente tenho conseguido uma certa independência emocional, poderia simplesmente pôr uma blusa, me enrolar nas cobertas e assistir a algum filme bom novamente. Mas já tive dias quentes no frio, senti algumas mãos acariciarem meus cabelos e me fazerem sentir confortável em dias assim. Talvez se eu tivesse alguma companhia eu quisesse ficar só, mas teria opções, algo extremamente estimulante se comparado ao conformismo dos dias atuais. Hoje, só, me contento (ou tento) com as minhas cobertas cheias de mim, alguma música nova que me agrade e fantasmas que me rodeiam (estão aqui nesse momento). São espectros do passado que me fazem refletir na diferença de cada atitude que temos. Eles também vêm do futuro, como se me avisassem como as coisas são por lá, mas de medo que tenho do supostamente desconhecido, não os escuto. E eu acabo percebendo que os dias frios tão esperados, já não fazem mais sentido. Eu quis (inconscientemente) um frio simbólico, cheio de vida e coisas gostosas. Jamais ousei querer um frio real, um frio que invade o corpo e toma conta de tudo. Continuo relutando, tentando dar sentido a frases dispersas na minha mente, pra que algo em mim se mantenha aquecido, a alma. Pois aquele coração pulsante, empolgado, ansioso, já está cansado de bater em vão e, como os gramados que esperam que a manhã os cubra de orvalho (pois sabem que assim será), meu coração espera pelas próximas horas e horas e horas, deixando-se esfriar, como se fosse a velhice de dias cansados. E eu ainda sou jovem, quando minha velhice realmente chegar, talvez eu não suporte ficar só, naquela cadeira de balanço, sem dias aquecidos por lembranças. É, talvez eu chegue lá. É, talvez eu suporte. É, talvez.