No meio do caminho,

Há várias coisas que eu sempre soube, mas nunca havia parado pra entender. Hoje, entendi uma dessas muitas coisas. De uma maneira triste, mas que assim que eu superar a dor da perda, vai ser um alívio, entenderei como o destino me ajudando, mais uma vez.

Amores são como pedras. Ao longo do caminho encontramos várias pedras, de diferentes cores, formatos e proporções. Quando, por algum motivo, juntamos uma pedra do chão e levamos conosco, ela se torna especial. Muitas vezes, por mais especiais que elas sejam, elas pesam e nos vemos quase que obrigados a deixá-las para trás. Algumas pessoas apenas dão uma polida e conseguem renovar o vínculo com a pedra, ainda que de posse ou de pura admiração. Outras, trocam a pedra que carregavam por outra que encontraram e lhes foi mais atrativa, independente do motivo. Há ainda quem encontre pedras novas e as guarde junto com as que já trazia, o que pode causar muito desgaste, dependendo das proporções e cuidados necessários com as tais pedras. Mas essas que carregam mais de uma pedra, embora muitas vezes tenham que optar por deixar algumas para trás, nunca ficam sós, se acostumam com o peso e não sentem-se bem ao andar de bolsos vazios, sempre carregando ao menos uma pedra.
Infelizmente, quando alguém nos vê deixando uma pedra para trás, instintivamente não se interessa por ela,  pois tendemos a nos interessar por pedras preciosas, raras, de algum valor. E se tal pedra foi abandonada, pensa-se que não há de ter valor. Já por outro lado, quando encontramos uma pedra no caminho e demonstramos maior zelo, cuidamos, polimos, carregamos com cuidado, outras pessoas acabam despertando interesse, mas ao invés de tentar fazer um acordo, elas simplesmente pegam as tão valiosas pedras.

Fica ainda mais difícil manter uma pedra, quando as guardamos em uma bolsa/sacola/mochila, pois as pedras acabam não estando conosco todo o tempo e conforme o seu brilho, despertam o interesse alheio. Isso sem falar de quando apenas avistamos uma pedra e, antes que possamos alcançá-la, alguém que também a viu acaba chegando antes nela e tomando-a para si.

Ainda não cheguei a uma conclusão de como manter as pedras seguras na totalidade e ainda não me decidi qual método utilizarei para gerenciá-las, quais os critérios serão necessários na substituição ou escolha das pedras. Mas aprendi que se realmente quisermos uma pedra, a qualquer custo, devemos correr para pegá-las, ou quem sabe, quando chegarmos, ela já estará na bolsa, no bolso ou no cofre (do quarto de alguém).

Eu pretendo continuar minha caminhada sem pressa, avaliando as pedras e as relações que as pessoas mantém com elas, e quem sabe, encontro aquela que tanto procuro, há tempos. Só saberei que é tão preciosa pra mim, se observar bem, pra não confundir, pra não ser enganada ou deixar-me enganar.

Tentarei não confundir as pedras com folhas, folhas são outras coisas, folhas são amigos e que podem sim estar cobrindo uma pedra, mas na maioria das vezes parecem pedras e são folhas, não apenas folhas, pois folhas são amigos.