"Palavras doces numa voz amarga"

Desconhecidos - Semi-conhecidos - Conhecidos.
Ex-amigos - Novos amigos - Velhos Amigos - Amigos.
São parâmetros que criamos intuitivamente sobre as pessoas. Mas prefiro não me ater a critérios ou algo assim, deixo por conta de gostar ou não da companhia da pessoa, confiar segredos, chamar pra sair, etc. Mas e quanto aos inimigos? Generalizando (adoro isso), eu acredito que não tenho inimigos. Mas aí é que tá: os inimigos são aqueles declarados ou aqueles que só nós sabemos que não gostamos? Temos que odiá-los? Devemos ser sinceros e tratá-los mal ou manter as leis da boa convivência? E se alguém que eu penso que é meu amigo, na verdade (cruel, porém verdade) me odeia? Inveja é antônimo de amizade? Sendo assim, é também sinônimo de inimizade? Seria tudo assim tão fiel as regras da lógica? E o que fazer com os inimigos? Bom, aí depende do grau de inimizade. Arrasá-los, humilhá-los, deixá-los no chão e cuspir em cima? Apenas ignorar? Ter uma boa conversa, na qual se deixe bem claro que o odeia? Mas aí já estaria assumindo como verdade que pra ser inimigo, deve odiar.
É tudo tão confuso e ao mesmo tempo simples. Mas as pessoas (principalmente os amigos apenas) nos cobram, cobram atitudes, cobram respostas, cobram sentimentos. E onde é que já se viu cobrar sentimento? Se tem algo que não se deve cobrar é isso. Você pode receber ou dar sentimento, pode até esperá-lo. Mas exigir algum? Não. Respeito não é sentimento, é atitude, ação. Sentimento é algo muito transparente e subjetivo pra ser definido e materializado.
Quanto aos meus hipotéticos inimigos, prefiro que fiquem assim, me enchendo de dúvidas. Porque sei que ao ter certeza de algo, o sentimento é inevitável. E talvez as situações se tornem irreversíveis. Agora, quanto aos meus amigos (hipotéticos ou reais), faço o meu. Não desconfio, porque aí já seria julgar e, todos nós sabemos (ou deveríamos) que isso é inadmissível à amizade. Ofereço minha razão e emoção, tudo de uma vez. Despejo isso de forma a saberem da tamanha sinceridade que coloco ao dispor de quem quer ser meu amigo e ainda não é, de quem é por querer ser, e ainda, de quem é sem saber. Não acredito que haja falsos amigos, pois independente de traições, desconfianças, receios e amarguras, pode ter sido amigo por um momento apenas. E isso já é o suficiente pra se tornar importante. Já o rancor (algo que anda ao lado da angústia, da mágoa e que sempre que posso deixo ir), esse sim precisa de muito mais que um momento pra se tornar verdadeiro. A amizade consiste em tanta coisa boa. Apenas. Não precisa de nada de ruim, porque até o ruim é convertido em experiência, amadurecimento. Logo já não é ruim, é bom. Bom é quando é bom. Quando é ruim, é bom também.
Sei que sou otimista demais, mas não ingênua. Se me engano (ou me enganam) é porque permiti. E sim, sou orgulhosa e poucas são as coisas que eu esqueço.

"Ouço o que convém.
Eu gosto é do gasto.
Eu digo o que condiz.
Eu gosto é do estrago."